Depressão nos atletas de alto rendimento

No desporto de rendimento, especialmente no de alto nível, o grande foco no resultado e muitas vezes a dificuldade em lidar com os resultados, a pressão e a expectativa, acabam por prejudicar os atletas ao longo do tempo.

Sensação de tristeza profunda, irritabilidade, dores no corpo e outros sintomas são indicativos de uma das doenças mais perigosas e silenciosas: a depressão. De acordo com dados divulgados de 2018 pela Organização Mundial da Saúde, 322 milhões de pessoas, 4,4% da população mundial, sofre com a doença. Nos últimos dez anos, houve um aumento de 18,4%, registos oficiais.

O facto de muitos não terem uma boa estrutura psicossocial, deixa-os mais vulneráveis ao desencadeamento desta doença. Sem dúvida que, as pressões são muito intensas, e em muitos desportos, os mais jovens não vivem a fase da adolescência de forma natural.

Um atleta de alto rendimento, precisa de metas, recordes, pouco tempo para aperfeiçoar o seu trabalho em busca dos grandes resultados, muitas vezes impostos. Nesta sequência, existem atletas que não têm maturidade para lidar com frustração. Um fator importante que tem uma grande influência é a forma como as pessoas reagem e lidam com as situações. Existem pessoas que lidam muito bem, sendo que as características pessoais são fundamentais. As pessoas preocupadas em excesso, perfeccionistas, ansiosas, inseridas num ambiente que não se preveem situações, pode favorecer um aumento de sintomas de ansiedade e que podem desencadear depressão.

Existem vários casos de atletas como Andrés Iniesta, que refere que passou por uma depressão, após em 2009 ter conquistado o triplete pelo clube onde estava.
O caso do Michael Phelps, o atleta que mais vezes subiu ao pódio na história dos Jogos Olímpicos. Após Londres 2012, pensou em terminar com a sua própria vida.
A judoca Rafaela Silva, era uma das favoritas para conquistar uma medalha para o Brasil em Londres 2012, mas acabou por ser eliminada nos oitavos de final. Nessa sequência sofreu de depressão, devido a comentários racistas nas redes sociais. Em 2016 no Rio de Janeiro, felizmente acabou por se reerguer alcançando o título de campeã olímpica. E existem muitos outros casos, alguns deles não saem a público.

Na verdade, antes de se ser atleta, é-se uma pessoa. A diferença é que, no desporto, identificamos a partir das questões desportivas, tais como recusa em ir aos treinos, desmotivação, discurso negativo com regularidade (“não vai correr bem”, “não vou ter oportunidade”, “não tenho perspetivas para o futuro”).

Os sintomas também podem vir a partir de uma lesão. Dependendo do cenário e do discurso, existem características de sintomas depressivos.

Estar adequadamente preparado para nem sempre ter sucesso também é um ponto que precisa ser trabalhado para minimizar a frustração.

Torna-se fundamental, existirem medidas de prevenção proporcionadas pelos Clubes e/ou investimento por parte dos próprios atletas, num trabalho que desenvolva o fortalecimento das competências mentais.